O cantor e compositor alagoano Serafim apresenta nesta segunda-feira (01/12) “Beijos de capote”, segundo capítulo do ciclo de lançamentos que antecede seu disco Aqui pra nós, previsto para 2026. A nova faixa reafirma a identidade poética e afetiva do artista, unindo minimalismo sonoro, imagética surreal e a força simbólica do universo lagunar de Maceió.
Ouça aqui: Beijos de capote
Nascida da parceria com o poeta, pintor e ícone da cultura alagoana Paulo Caldas, a canção começou como uma poesia enviada pelo artista visual, um gesto comum na amizade dos dois. Ao se deparar com o poema, Serafim compôs a melodia preservando integralmente cada frase e sonoridade do texto. “A parceria representa a junção dos nossos mundos, a música, a poesia e esse amor pelas coisas da nossa terra”, conta Serafim.
O ponto de partida criativo foi o imaginário do sururu, tão presente na vida maceioense, permeado por cores, cheiros e sensações. Da lagoa ao vento quente, da água salobra às libélulas xamãs, a faixa constrói uma paisagem que mistura o cotidiano local com a atmosfera onírica que marca a obra de Paulo Caldas.
A estética da faixa se apoia no formato reduzido de voz, violão e sanfona, valorizando o texto e a interpretação. A gravação foi realizada no Maná Records, estúdio de referência em Alagoas, sob produção de Thiago Mata e Nayane Ferreira (Os Fugitivos). A sanfona, tocada por Alisson do Acordeon, tem papel central na construção da atmosfera, dialogando organicamente com a voz e reforçando a estética psicodélica e nordestina que molda o trabalho.
A harmonia e a melodia foram desenhadas para respeitar a densidade poética da letra, buscando referências nas canções alternativas e psicodélicas do Nordeste. Esse cuidado dá à faixa um caráter contemplativo, íntimo e profundamente conectado ao território.
Dentro do conjunto de lançamentos que antecedem o álbum Aqui pra nós, “Beijos de capote” cumpre a função de apresentar a camada mais literária do projeto. A parceria com um poeta alagoano e a escolha por um arranjo minimalista reforçam o compromisso de Serafim com a poética regional, misturando tradição, experimentação e sensibilidade contemporânea.
O single amplia a identidade sonora que o artista vem consolidando: uma música que olha para o Nordeste com delicadeza, inventividade e profundidade emocional e que propõe ao ouvinte uma experiência estética capaz de despertar lembranças, sentidos e paisagens internas.
Ananda Zambi
